quarta-feira, 7 de abril de 2010

DIÁRIO VIRTUAL


Sou uma professora de séries iniciais que tentou por muitas vezes fugir da arte, mas não conseguiu vencer esta batalha e se entregou, atualmente (neste ano) comecei a trabalhar na área de Artes e estou aos poucos conquistando um espaço significativo dentro da minha escola (eu e minha disciplina - que era vista como decoração ou artesanato para os alunos).
Pretendo ir bem longe e levar comigo a história e a arte do meu município, pouco conhecida e estudada até por quem mora aqui, comecei com meus alunos vários projetos de conhecer o lugar onde moramos; olhar nossa cidade com olhos de artista; vou encontrando e procurando formas destes projetos aparecerem, espero mostrá-los aqui em breve e acrescentar ao que estamos construindo na nossa escola muito do conhecimento encontrado aqui neste ambiente de aprendizagem e troca. 


objetos autobiográficos

 
Tentei excluir alguns, mas não deu o principal de todos é a imagen do anjo símbolo da minha cidade, presente atualmente em meu trabalho e na minha pesquisa, eu tinha uma imagem igual a esta que sofreu um pequeno acidente antes da foto, fou espatifada por minha filha, tentei buscar outros objetos significativos, encontrei outro anjinho, mais desinibido que o primeiro, mas não teve jeito tive de sair e encontrar outro igual e no final ficaram os dois acompanhados de uma mini canéca de café( que professora vive sem café?), uma flor vermelha presente de alguém especial..., um chinelo para o descanso e uma sola de tênis caída na correria entre uma escola e outra...


caderno de registro

Ainda em branco, agora já tem algo escrito mas inicialmente pensei em montar algo que tivesse a minha cara e descobri que minha letra deve mudar, ainda tenho letra de "professora primária", presa ao traçado correto das letras, e vou tentar aos poucos me libertar e soltar a mão para escrever com letra e alma de professora artista...



Nicho poiético


Este é o meu nicho poiético, juntei objetos que estou atualmente utilizando em minha pesquisas de trabalhos em arte, ainda é pequeno mas muito significativo, fotografei todos eles hoje pela manhã, se tivesse tirado esta foto agora ela teria mais objetos e no decorrer da disciplina ele só tende a aumentar...




 E XECUÇÃO DO PRENSAUTO



  MÃO NA MASSA... a argila era dura, tive que sovar pãozinho...




Testei a flor, o chinelinho e a sola do tênis e construí um prensautinho, como teste, que acabou quebrando e não ficou bem definido as solas eram muito moles e ao puxar da argila elas acabavam fazendo marcas bem diferentes e sem a textura que eu queria, a flor quebrou, ela foi presente de uma grande amiga que eu não vejo há muito tempo...(foi feita por ela em madeira).



Finalmente, a argila ficou boa, agora é coragem e afundar o pé... sem medo

Meu pé ficou muito feio todo untado com vaselina...









 
Agora é afundar os objetos, segui a dica da colega do fio de linha de pesca e deu super certo...



parecia que as imagens iam ficar borradas,

 enterrei demais o anjo e a mão dele quebrou.



 


Tive muito medo de não dar certo, quando o gesso é colocado a expectativa aumenta e as horas não passam...
Fui para a escola e tirei o gesso só no final da tarde.





 
Atenção para o detalhe do dedinho...

cheguei da escola e minha filha tinha dado o seu toque especial
quebrou e não foi de propósito só  para ficar igual ao do professor rsrsrsrsr...



 


Depois de lixado e revestido com o gesso aos detalhes apareceram...






Testar novas possibilidades... o PRENSAUTO foi para a rua.










Justificativa da escolha dos objetos:



Imagem do Arcanjo Gabriel, padroeiro e símbolo da minha cidade, estou trabalhando com meus alunos um projeto de resgate da história do município e ela está presente em todas as nossas pesquisas e é atualmente o símbolo do nosso trabalho, este é um substituto do original que ganhei da minha mãe quando eu morava em Porto Alegre e tinha muita saudade de tudo por aqui.


 Quando selecionei os objetos para o prensauto, a imagem do anjo Gabriel foi espatifada pela minha filha, procurei aqui em casa outra imagem para substituí-la, encontrei um anjinho fazendo xixi, enfeite de aquário, bem maior que ele e um tanto desaforado para ser exposto em um prensauto, então comprei outra imagem do anjo Gabriel igual a inicial que usei no meu trabalho, ela quebrou a mão quando enfiei na argila, mas o resultado final ficou bom, tive medo dos detalhes não ficarem nítidos e parecer somente um montinho de gesso na sola do pé, mas quando tirei a argila só tive que concertar alguns detalhes do rosto e lá estava meu anjo com todo o significado que ele carrega pra mim impresso bem no centro da minha obra.
Restaram o “anjinho do xixi “ e a xícara (sou movida a café) - o que minha irmã diz ser “coisa de professora” e em parte é mesmo, o café aquece o coração da gente entre uma conversa e outra na sala dos professores e nos mantém acordadas nas madrugadas da vida(às vezes fazendo as tarefas da escola ou faculdade).

Tirei as asinhas do anjo e elas foram parar no calcanhar, não sei porque elas me lembraram o anjo Malaquias, da obra de Mário Quintana, ele tinha as asas no bumbum e era um menino travesso, este é o meu lado mãe e professora infantil que não para quieta, que conta histórias, dá limites, enxuga lágrimas, amarra os tênis, limpa nariz, ri, se diverte, brinca e aprende com seus pequenos.


Adorei o resultado meu pé ficou a minha cara!!!!!!!!!!!!
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PRENSAUTO

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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Filmes, o que marcou de cada um para o meu conhecimento:


É um documentário filmado em 2004, na Índia, na cidade de Calcutá,, dirigido e produzido por Ross Kauffman e Zana Briski, trouxe um panorama diferenciado sobre percepção e a essência humana. As formas distintas de analisar cada acontecimento, no cotidiano, têm deixado perceptível que a beleza é extraída também daquilo que julgamos ser tosco.
Conta a história de uma fotógrafa britânica chamada Briski, que  foi a Calcutá realizar um trabalho sobre as prostitutas indianas, ao encontrar um considerável número de crianças no cortiço, onde o bordel fica localizado, a sensibilidade dela foi despertada para um recorte diferente daquele inicialmente idealizado. O filme tocante traz em cada cena, desde motivos alegres, como quando as crianças foram conhecer o mar pela primeira vez, até o momento muito triste, quando a mãe de um dos garotos foi queimada viva pelo cafetão do bordel. A realidade do filme é autêntica. Não há efeitos especiais, para produzir emoções, não há dublê para duvidarmos da autenticidade das cenas, o que há é apenas o estímulo da sensibilidade humana.

Assim sendo, inseridos nesta realidade, tanto Briski quanto Kauffman, tentam fazer um resgate daquilo que pode ser chamado de inclusão social através da sensibilidade. Percebe-se que o estímulo inicial foi entregar uma máquina e ensinar cada uma delas manusear e fotografar o cotidiano. Foi através da fotografia que eles aprenderam a captar a própria história. A percepção das crianças foi dignificada e em um momento oportuno, os diretores do longa viram uma possibilidade, que além de fazer um trabalho de inclusão, vislumbraram algo cabível, inserí-las em um mundo ainda desconhecidos para elas. Como aquelas crianças conseguiram retirar beleza do cotidiano em que viviam? Simples, pela maneira natural, ingênua e infantil de ver o lugar onde moram.
Vale ressaltar, que a sensibilidade na arte da fotografia foi fator preponderante para o sucesso do filme.

Este processo de inclusão chegou ao êxtase – para os pequeninos – quando eles se tornaram notícia na cidade onde moravam, e ao clímax, quando perceberam a possibilidade de estarem aprendendo cada vez mais em uma escola. Na fala de uma das meninas que participaram do filme, sobre a fotografia ela disse “… para continuar a fotografar é preciso suportar muita coisa”, a profundidade dessa frase nos faz repensar como cada criança suportava todas aquelas situações sem perder o que tinham melhor, a essência.
O filme, mesmo tendo passado algum tempo, estende a mensagem até a atualidade. O processo de inclusão social existe e é gradativo. A fotografia pode até não ser vista como arte por alguns, porém despertou o artista latente dentro de cada criança daquela comunidade. É triste saber que, logo em seguida, depois de passado o tempo, alguns deles voltaram para a vida que tinham. Isso prova que para perpetuar o processo de inclusão é necessário a continuidade, caso contrário, o retrocesso e o desânimo serão as únicas certezas que os envolvidos terão. Vale a pena assistir!

Filmes, o que marcou de cada um para o meu conhecimento:


Baseado em livro homônimo de François Bégaudeau, em que relata sua experiência como professor de francês em uma escola de ensino médio na periferia parisiense, lugar de mistura étnica e social, um microcosmo da França contemporânea.

Filmes, o que marcou de cada um para o meu conhecimento:



LEÕES E CORDEIROS

Este filme tras Robert Redford, Meryl Streep e Tom Cruise em um desafiador drama que explora as consequências de se assumir uma posição. Um professor idealista (Redford) da Califórnia tenta inspirar um aluno a fazer algo de especial com sua vida, enquanto um senador carismático (Tom Cruise) em Washington D.C apresenta uma estratégia de guerra no Oriente Médio a uma incrédula jornalista de TV (Meryl Streep). E lá do outro lado do mundo, dois dos ex-alunos do professor estão presos atrás das linhas inimigas no Afeganistão, lutando pela liberdade e por suas próprias vidas. Enquanto a retórica e as balas voam, essas três histórias interligam-se para enfocar a linda delicada que separa o leão do cordeiro em cada um de nós...

Filmes, o que marcou de cada um para o meu conhecimento:



O filme que traz Julia Roberts no papel principal conta a história de uma professora de arte educada na liberal Universidade de Berkeley, na Califórnia, enfrenta uma escola feminina, tradicionalista – Wellesley College, onde as melhores e mais brilhantes jovens mulheres dos Estados Unidos recebem uma dispendiosa educação para se transformarem em cultas esposas e responsáveis mães. No filme, a professora irá tentar abrir a mente de suas alunas para um pensamento liberal, enfrentando a administração da escola e as próprias garotas.


Ele traz um enfoque na sociedade tradicional da época, mas ver a história de uma professora  que não se enquadra em seu grupo de colegas, frente a uma situação adversa e difícil no seu ambiente de trabalho, nos remete a atualidade, talvez hoje não teríamos os mesmos problemas relacionados ao casamento e outras formalidades próprias daquela época, mas poderiámos ter situações parecidas no que se refere a diferenças sociais, ainda hoje em algumas escolas encontramos um ensino preso a certos padrões que dividem a sociedade, o que seria por exemplo trabalharmos em uma escola em que tivessemos o melhor currículo, os melhores cursos mas seguissemos outra doutrina? Ou ainda saindo do âmbito religião e entrando no âmbito desigualdade social, ser uma professora humilde em uma escola de pessoas muito ricas, isto sem entrar em méritos racistas, de cor ou opção sexual, acredito que como professores comprometidos que somos, poucos de nós iriam desistir, haveria uma certa resistência no início, que seria quebrada ou não...ainda depende de nós
Outro aspecto a destacar é o enfoque para a arte no filme, ela destaca o período de transição e aceitação da arte moderna como arte, por pessoas mais ligada a padrões tradicionais,a arte moderna aparece com enfoque de libertação, e ressalta a sua importância nas tranformações da sociedade não somente como registro mas como "estopim" para esta mudança, deixando de ser vista apenas com padrões estéticos e passando a ser vista como fator de desenvolvimento na natureza humana. 
É ilusão pensar os problemas vividos pela personagem são problemas de uma sociedade antiga ou atrasada eles aparecem todos os dias vestidos com outras roupas mas aparecem, enquanto a sociedade não tratar a educação e os professores com o verdadeiro respeito que merecem a sociedade não vai evoluir vai continuar atrasada e presa a valores nem tão modernos assim.

Kramer


Minha indicação particular para ler e conhecer mais:

Infância e Produção Cultural


SONIA KRAMER MARIA ISABEL LEITE,
Papirus,1998.

Características desejáveis a um professor no contexto atual:

Ser professor já é uma tarefa desafiadora, ser professor de Artes é mais desafiadora ainda, partindo de uma realidade onde, dentro da escola o professor de Artes é visto pelos colegas como alguém que desenha bem, é ótimo "decorador" ( seus trabalhos devem enfeitar a escola)., alguém que sabe tudo de artesanato que vai fazer com seus alunos lindos trabalhos manuais, ou se ele trabalha em séries iniciais, vai deixar de lado o conteúdo - tão importante- para perder tempo com temas tão distantes...(bobagens, como eu mesmo já ouvi).
Parece brincadeira, mas é um desabafo, esta realidade se encontra ainda hoje nas escolas e para rebatê-la, em primeiro lugar o professor deve acreditar na arte, como experiência humana, como área de conhecimento que tem seus conteúdos próprios e não reduzi-la a ilustração ou pretexto para o ensino dos conteúdos privilegiados na escola.  É essa a briga que comprei, e esta é a principal veia que me move a buscar mais, crescer, para chegar  altura da importância desta disciplina para desmontar a cultura de que a disciplina de Arte qualquer professor pode dar é só ter carga horária sobrando; e levar a escola a reorganizar-se, levando em conta o que diz Kramer(1998): "Para ser educatica a arte precisa ser arte e não arte educativa."

Atividades da disciplina: Seminário Integrador I

IDÉIAS SOBRE O VÍDEO SER PROFESSOR NO CONTEXTO ATUAL

CINCO IDÉIAS QUE SÃO FUNDAMENTAIS NA FORMAÇÃO DO SER PROFESSOR
  • "O conhecimento provém da interação entre sujeito e objeto do conhecimento" Jean Piaget;
  • "A formação do professor une o exercício da criticidade ao reconhecimento de valor das emoções, da sensibilidade, afetividade e emoção." Paulo Freire;
  • "O conhecimento não se transfere, se constrói." Paulo Freire;
  • "Só quando se sai da disciplina e consegue contextualizar, é que se vê ligação com a vida" Edgar Morin;
  • "E a pesquisa que permite ao professor ajudar a construir um adulto capaz de conquistar , por si só, a beleza e a verdade do seu tempo." Tânia Marques.
Tais idéias norteiam o meu trabalho com arte em sala de aula, o aluno que aprecia uma obra, por exemplo, uma obra que foi selecionada préviamente pelo professor, através de uma pesquisa que considera  não só a obra mas o que eu conheço dos meus alunos, levando-os a estabelecer um diálogo com ela, com seu autor e contexto em que estão localizados, para que a partir daí se estabeleça uma interação, um entralaçamento entre apreciador e obra, traduzindo-a como parte da sua vida construindo assim seu próprio conhecimento, muito mais significativo, prazerozo e marcante.